OS DIREITOS DE ORESTES
Revendo meus arquivos, encontrei um artigo publicado por Luiz Marins em Fevereiro de 2006, artigo este que entre muitos outros eram enviados as empresas para leitura e reflexão entre os empregados.
Esse artigo tinha como título OS DIREITOS DE ORESTES e iniciava mais ou menos assim:
Orestes era a pessoa mais consciente de seus direitos que já conheci.
Cumpria rigorosamente o horário em seu emprego, não chegava um minuto antes e não saia um minuto depois, mas depois que batia o ponto ia tomar seu café da manhã e botar o papo em dia.
Tirava suas férias assim que vencia o período aquisitivo a que tinha direito, nem um mês ante e nem um mês depois.
Treinamentos e reuniões em finais de semana ou à noite, não era com ele, ele simplesmente dizia que não iria participar porque não era pago para trabalhar fora do horário.
Todos os seus finais de semana eram parte do seu sagrado direito.
Se seu supervisor ou colega faltasse por motivos de saúde, ele também arranjava um atestado e dava o mesmo numero de faltas, o seu maior medo era ser explorado pelo seu patrão, ou mesmo pelo chefe, isso ele não permitia.
A frase que mais ele usava era “eu tenho direitos”
Além de ser muito consciente de seus direitos ele também alertava seus colegas para que não fossem explorados, conclamava a todos para que não ficassem além do horário, que não chegassem mais cedo.
Que não fizessem nada além da sumula de atribuições e do contrato de trabalho “É nosso direito” dizia ele.
O problema de Orestes é que a sua noção de direitos era muito ampla, ele usava o telefone da empresa para ligações particulares para seus parentes e amigos, pedia ao mensageiro da empresa (Office-boy) para fazer pagamentos particulares sem autorização, usava o computador da empresa para e-mails pessoais, jogos, trabalhos escolares, recebia a visita dos filhos e parentes durante o expediente, etc.
Durante o expediente ele fazia várias paradas de cinco ou dez minutos para tomar café, fumar, ir ao banheiro, sempre no mesmo horário, acontecesse o que fosse, era seu direito dizia ele.
Orestes também levava para sua casa algum material de escritório, tipo caneta, lápis, papel, clips, etc.
Pouca coisa, dizia ele, “Afinal tenho direito, pois trabalho aqui 8 horas por dia e dou meu sangue pela empresa”.
Essas coisas foram todas contadas por seus ex-colegas de trabalho depois que ele foi demitido do emprego, recebendo todos os seus direitos trabalhistas.
Saiu dizendo-se injustiçado pelos colegas e vitima de exploração de seu patrão.
Hoje Orestes está desempregado.
Dizem que depois desse emprego em que o conheci, ele já teve mais dois empregos, dos quais também acabou sendo dispensado, sempre por perseguição.
A mulher do Orestes é vendedora autônoma de cosmético e sustenta a casa.
Quem quiser encontrar o Orestes, basta ir ao bar da esquina de qualquer bairro onde ele faz ponto, todos os dias, sempre no mesmo horário na mesma mesa.
Você conhece o Orestes ou algum colega igual a ele?
Espero que tenham gostado deste artigo.
Um abraço insubstituível a todos
Luiz Fernandes
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